A Promessa

Marcos nasceu em berço de ouro, seu pai um homem arrogante e autoritário que colocou a política acima da família, endureceu ainda mais seu coração quando perdeu a esposa, a única pessoa capaz de deter seus atos insanos e chamá-lo de volta à realidade.

O jovem médico se sentia enfraquecido, nem se recordava mais dos tempos da juventude, dos tantos sonhos que haviam se perdido ao longo do caminho. Por mais que tentasse se distanciar da imagem da falecida mãe, Marcos sentia muito a sua presença nos últimos dias. Era como se ela estivesse tentando lhe dizer algo, mas sabia que isso era impossível.

O seu passado adormecera mas mantinha guardado no peito o amor por Deise…e a sua promessa o atormentava exageradamente, um sentimento que doía a cada lembrança. Como gostaria de esquecer tudo, de simplesmente “apagar” da memória a tragédia do passado!

E quanto mais o dia da promessa se aproximava, mais Marcos se sentia impotente, era como se ir ou não ir àquele encontro em nada se relacionasse com ele, parecia tarde demais, como se não pudesse controlar as forças do destino. Mas que destino era esse? Formou-se médico e médicos são racionais demais para crerem em destino ou sorte.

Muito distante dali, Deise se remoía nas mesmas indagações e sentia-se mal a cada dia que se aproximava do encontro, afinal, vinte e cinco anos era tempo demais, talvez também, muito tarde para olhar para traz.

Mal sabiam os dois que a promessa seria só um álibi, uma desculpa para os ajustes finais, quando finalmente o grande segredo seria revelado.

Muitos de nós temos o poder de construir vidas “paralelas”, sonhos, fantasias e desejos que vivemos nesse mundo só nosso, onde os segredos não existem e num tempo irreal que ameniza as dores do tempo real.

Assim, as dificuldades da vida se tornam mais leves, transponíveis, e nós não nos entregamos ao mundo real de alguma forma, confortados, pois mantemos em nós esse espaço para fantasias, para criações das nossas mentes. Construímos realidades “paralelas” (que só existem para nós mesmos) como forma de enfrentar a realidade, de fato.

Eu mesma sempre fui assim, sempre brinquei de falar sozinha, de pensar alto, de criar personagens e de acreditar neles (Deus como acredito em cada um!) e nisso eu me entendo “absolutamente normal”. Devem existir muitas outras pessoas assim. Talvez seja um comportamento normal em escritores (que constroem esse tal mundo paralelo como alternativa de sobrevivência), ou quem sabe a criação de personagens seja mais comum do que imaginemos e aconteça em vários momentos de nossas vidas comuns, por exemplo quando sonhamos com um príncipe que vem em forma de homem (mais precisamente de “marido”) , ou quando criamos o ideal de projetos de filhos (porque quando os temos, tudo é tão diferente do planejamento!), ou então, quando sonhamos com uma carreira mais promissora do que de fato elas poderiam ser.

Outro bom exemplo de mundos paralelos fantasiosos parece ser a ilusão de amizades eternas que não se separam com o tempo (porque se separam “sim” com a distância e isso nós percebemos tempos depois, tempos estes que passam “num piscar de olhos”), ou de “amores eternos” que geralmente não se eternizam de fato (e para o nosso próprio bem).

Dessa forma, para nós escritores de fantasias, as fantasias vivem mesmo dentro do nosso mundo e quando nos propomos a exposição deste mundo “paralelo” que experimentamos por toda existência, vamos nos deparando logo com outras pessoas que nem imaginávamos que nos entenderiam tão bem.

Então, onde começou de verdade a saga de Marcos e Dayane? Não sei se posso responder, porque suas trajetórias, tanto quanto de tantos outros personagens, estão latentes dentro de mim, pedindo para serem contadas e vividas. Clamando por se tornarem realidade dentro de cada leitor que se propuser a me acompanhar.

Aqui se inicia a minha verdadeira história, que doravante vai se misturar a diversas outras estórias até se tornar uma só para ficar como meu legado, representado por cada personagem que eu puder criar, numa realidade paralela que para mim é tão real que eu seria capaz de recomeçar centenas de vezes do mesmo ponto de partida para chegar exatamente “no mesmo lugar”.

3 comentários em “A Promessa”

  1. Ellen Paula Kalisz Carvalho

    Muito interessante… instigou minha curiosidade, porque conheci essa menina sonhadora que agora é uma grande mulher.

    1. Ellem Paula, eu ja havia respondido seu comentário e de tantas outras pessoas, mas n sei pq o sistema está me pedindo novamente a resposta, então segue o que tenho a lhe dizer:
      OBRIGADA POR ESTAR ME PRESTIGIANDO, ACREDITANDO NA MINHA PROPOSTA, em momento tão singular da minha vida…imensamente feliz por vc fazer parte de outra fase marcante da minha existência…gratidão pelos caminhos q tomei, ainda que tantas dificuldades tenha enfrentado…forte abraço.
      A live será no dia 16-08 as 18.00h dai

    2. Aline, eu ja lhe respondi antes, contudo o sistema me pede nova resposta e nem me mostra a anterior! Pode ter ocorrido um erro na minha primeira resposta, então la vai:
      Obrigada pelo apoio em momento tão importante da minha vida…obrigada por me prestigiar e eu acredito muito que esta estória ja estava escrita no meu destino, só aguardando o momento certo para ser contada…
      abraços
      A live de lançamento será no dia 16-08 – outro domingo, conto c vc.

Comentários encerrados.

Qual sua Dúvida?