Pensei bem, prestei atenção e percebi que não estou cumprindo o meu propósito de falar sobre todas as coisas, tenho me dedicado a falar sobre contratações públicas, licitações, dispensas, penalidades, modalidades, pregão eletrônico, estudos técnicos preliminares, enfim, tenho me debruçado sobre esse tema que tanto amo, mas não estou prestando atenção naquilo que, como escritora de todas as coisas,devo focar. NAS PESSOAS QUE ESTÃO POR TRÁS DAS CONTRATAÇÕES PÚBLICAS.
Tenho me atido à face destes colegas que pouco tempo tem para si próprios, para desenvolver relações interpessoais, para se sociabilizarem integrando setores.
Vou passando por estas estruturas frias, pelos corredores polidos, vendo rostos que se tornam “conhecidos”, ensinando as boas práticas, mas o resultado não me parece satisfatório, pois percebo que os setores não estão integrados entre si, que as pessoas não estão trabalhando felizes e não conseguia perceber onde estava o problema.
Acabei de perceber, num relance, numa fração de segundos,ações que me passaram desapercebidas por tanto tempo.
O sistema investe pouco na capacitação dos servidores, e com isso, os servidores estão emgrande parte, despreparados para os novos tempos, alguns se desdobrando por muitos, e poucos se interessando em adquirir conhecimento, preferem (em razão de acúmulo de serviços e de funções) replicarem peças usuais (desatualizadas talvez) e reclamarem uns com os outros da correria, sem nada mudarem no comodismo rotineiro.
Mas e ai, qual então é a abordagem que precisamos adotar para alterar esse círculo vicioso?
Creio que me esqueci em algum tempo e lugar (sem perceber), de questões que vem passando “batido” e muito me tenho questionado sobre os motivos que distanciaram tanto as pessoas, que as tornaram apáticas aos interesses coletivos, que detonaram o clima organizacional. Creio que “os servidores” se distanciaram muito tempo depois do distanciamento das “pessoas” e mesmo assim não percebemos nada!
Onde estávamos nós quando um colega teve problema com um filho, e quando muitas vezes poderíamos ter ajudar com a simples atitude de parar para ouvi-lo e olhar nos seus olhos por segundos,falando alguma palavra de carinho e força!
Quantas vezes nos dedicamos a jogar a culpa no outro colega ou no outro setor para justificar nosso desinteresse em discutir procedimentos que poderiam ser alterados e integrados na melhoria do processo? Perdemos essa conta há muito.
Percebo que as pessoas mal se suportam e especialmente dentro de estruturas “pequenas”, de salas que tem que ser divididas, preferem guardar rancor e encerrar os expedientes sem trocar uma palavra, ou pior, algumas vezes trocando muitas palavras que não são verdadeiras.
Parece que o problema está exatamente na relação entre as pessoas que impede a interação entre os setores e isso é um problema que pode (e deve) ser reconhecido pelos recursos humanos e tratados antes da contaminação geral do ambiente global.
Quase tarde demais, porque esse clima se arrastou por tanto tempo as vezes que todos convivem em ambiente conflituoso (clima de “guerra fria”)e já nem percebem mais. Por isso, como capacitadora que sou, dedicada a facilitar a absorção do aprendizado, escrevo estas palavras em prol de uma ação pessoal de melhorias internas.
Se formos capazes de reconhecer a necessidade de melhorias e de buscar esta melhora para alcançar a felicidade interna com o desenvolvimento do nosso trabalho (onde passamos horas da vida), poderemos mudar o ambiente de todos por atitudes transformadoras.
Transformar o ambiente a partir das nossas próprias transformações, olhar nos olhos de quem precisa de nossa atenção (nem que seja por poucos minutos), parar de fazer o que se faz para ouvir um pouquinho, dedicar um sorrido, um bom dia, um até mais, Tomar um cafézinho com o colega do outro setor, aparecer na sua porta apenas para fazer um simples “elogio”, são atitudes motivadoras que podem surtir efeitos maiores do que podemos imaginar com reflexos na nossa felicidade, considerando que o trabalho é um dos nossos cenários de vida.